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Bem-vindos! O meu nome é Sofia. e tenho 23 anos. Há cerca de 3 meses atrás, deixei o meu trabalho para viajar pelo Sudoeste Asiático com o meu namorado - João.
Recentemente conheci uma portuguesa que disse que gostava de largar o trabalho dela e fazer uma viagem como a nossa. Confessou que à s vezes acha que é impossÃvel, mas que quando conhece pessoas como nós, fica motivada e com mais força para fazer isto. Um dos meus objetivos com este blog era e é, sem dúvida, partilhar tudo o que pudesse para ajudar quem está a planear viajar. No entanto, e depois da conversa com ela, percebi que partilhar a minha experiência pode ter ainda mais impacto do que esperava. Portanto, se conseguir transmitir a minha experiência e isso ajudar pessoas que também querem fazer algo assim, a minha missão está cumprida! E para quem quer apenas viajar num perÃodo mais curto: também podem encontrar dicas e roteiros para ajudar a planear a vossa viagem.
Assim, como primeiro post deste blog, vou partilhar como e porquê é que estou a viajar pelo Sudeste Asiático!
Sei que algumas das principais curiosidades sobre esta viagem é: como é que estamos a fazer isto? E quanto dinheiro é que juntámos para o fazer?
Na realidade, não há grandes truques por trás: não sou rica, não recebi dinheiro e não tenho ninguém a pagar a viagem. Juntámos dinheiro durante 2 anos - acabámos por conseguir fazê-lo mais facilmente pois ambos vivemos com os nossos pais. As minhas condições não são raras, aliás, diria que há muitas pessoas em condições parecidas.
A quantidade de dinheiro que precisam depende muito de quanto tempo vão viajar, se que querem ficar em hostels, comer em food trucks e até quanto dinheiro querem ter quando voltarem. Não pensem que é uma fortuna: estamos, por exemplo, a viajar com menos dinheiro do que seria comprar um carro semi-novo. Há até pessoas que acabam por gastar muito menos neste tipo de viagem. E essas são as boas notÃcias: é relativamente simples fazer esta viagem. O importante é definir um orçamento!
Agora porquê? Quem larga um trabalho garantido, na sua área, para ir viajar? A decisão pode chocar muitos e é polarizante: muitos apoiaram e alguns acharam que não fazia sentido. A minha mãe disse que já estava à espera que eu fizesse algo assim.
Acho que nunca fui daquelas pessoas que quisesse imenso um determinado trabalho ou área. Publicidade e Marketing foi a área que apareceu no meu caminho e gostei dela. Mas quando acabei o curso, depois do verão, coloquei muita pressão sobre mim mesma para arranjar trabalho ou um estágio. Depois de arranjar, tive imensa dificuldade em aceitar a nova rotina: acordar cedo, uma hora em transportes para chegar ao trabalho, 8h a trabalhar e outra hora para voltar para casa.
Eventualmente, mudei de trabalho para algo que acabei por gostar muito. Porém, a rotina, juntamente com o novo stress e responsabilidade que o novo trabalho traziam, instalaram-se e dei por mim a pensar "não acredito que agora esta é a minha vida". Estava condenada a um horário, não conseguia fazer nada durante a semana, estava constantemente stressada e sempre a pensar em trabalho, ansiava pelo fim-de-semana e contava os dias de férias. Esforcei-me durante tantos anos a estudar para ter um e "sucesso" na vida ou algo assim sem sentido que a que aspiramos moralmente e agora, desejava voltar atrás no tempo e não era capaz de aceitar o meu destino. Sentia que faltava algo e que a minha vida não podia ser assim.
Numa das manhãs rotineiras, enquanto ia para o trabalho, cruzei-me com a conta dos One Way Ticket Trip : um casal português a fazer uma viagem pelo Sudeste Asiático. Comecei a acompanhar diariamente e, de repente, tornou-se algo que eu queria e com que sonhava a toda a hora. Um dia, publicaram um vÃdeo em que explicaram como estavam a viajar: juntaram dinheiro, desistiram dos seus trabalhos e partiram. Simples, não é?
Mostrei ao João e "vendi" a ideia. Decidimos que o Ãamos fazer, mas não sabÃamos quando. No final de 2018, decidimos que farÃamos a viagem no ano seguinte e foi aà que me despedi.
Partimos em Setembro de 2019 e o tempo até à nossa partida, foi, provavelmente, um dos melhores tempos que passei em Portugal. Dar tempo a mim mesma foi o melhor presente que me podia ter dado. Em Janeiro de 2019 estava em casa e perguntei: "tens 9 meses até à partida, o que queres fazer? E apercebi-me que podia escolher qualquer coisa que quisesse fazer. Nesses meses, voltei ao ginásio, perdi 4 kg, trabalhei como freelancer em gestão de redes sociais, arrumei o meu quarto a fundo e a melhor parte? Ganhei tempo para pensar em mim, na minha famÃlia e amigos e para me aproximar de quem é importante.
Agora que estou aqui, nem acredito que tive receio de vir. Temos esta vida - uma vida - e se não aproveitarmos, chegamos ao fim apenas com uma vida carregada de "ses". Estamos a fazer isto porque gostamos e porque queremos, e se temos a oportunidade de nos "dar" e proporcionar uma aventura incrÃvel que vai ficar para sempre marcada nas nossas vidas, why not?
Ter a oportunidade de acordar cada dia e planear o que queremos, pensar no que queremos e fazer o que queremos é algo incrÃvel e que desafia complemente a nossa forma de ser e o que vivemos até agora. Os nossos planos são feitos diariamente e muitas vezes decidimos mudar de região ou cidade apenas alguns uns dias antes. Se não gostamos, vamos embora. Se gostamos, ficamos mais tempo. Se adoramos, planeámos voltar. E é assim que tenciono viver a minha vida.
Não vim de todo aqui para me encontrar ou porque me sentia perdida na vida. Posso não saber 100% o que quero fazer (mas a sério, alguém sabe?) mas sei com certeza o que não quero fazer, sei a vida que não quero ter e que situações não vou tolerar mais. Aqui tudo o que é realmente importante para nós fica mais claro.
E quando voltar? Bem, claro que já pensei em opções e vou escolher o que mais fizer sentido para mim na altura. Adoro Lisboa e toda a vida lá e considero-me sortuda de ter um espaço que adoro quando voltar.
Resumindo: porque é que estou a partilhar isto? Porque é que é tão importante para mim? Porque vi um casal a fazer algo que eu queria, percebi que fazer esta viagem era algo tão simples e que também o podia fazer. E, especialmente, porque deve haver mais Sofias no comboio, caminho do trabalho, à procura de inspiração para ultrapassar o dia.
Edição de texto: Sofia Fernandes